Porto IV | Casa da Música

Remetendo uns meses atrás, concretamente a novembro, estava eu no Porto com a FA Internacional. Fomos, claro está, à procura de arquitectura. Até agora, aqui no blog, passámos pelas Piscinas das Marés, pela Casa de Chá da Boa Nova e pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Hoje, vamos até à Casa da Música.


A Casa da Música é uma obra de Rem Koolhas, situada na Rotunda da Boavista, no Porto e, assim numa primeira impressão, confessemos, é uma coisa estranha que caiu ali. Como sempre ouvi dizer: "primeiro estranha-se, depois entranha-se" e esta entranha-se facilmente. Eu gosto desta coisa estranha, entenda-se.





Enquanto estudante de arquitectura, não sou adepta de obras cujas formas se assemelhem a caixas de sapatos e talvez por isso me possa tornar um pouco suspeita. Nunca, na minha futura vida profissional, me verão a desenhar algo apenas com quatro faces. Sou adepta do "menos é mais" mas muito menos também não traz a diferença. O arquitecto holandês trouxe a diferença à Rotunda da Boavista com aquela que é, actualmente e desde 2005, a principal sala de espectáculos do Porto.






Entrámos enquanto grupo e já com marcação por 3,50€. Sendo o grupo maioritariamente estrangeiro, fizemos a visita toda em inglês e tivemos a sorte de ter uma guia divertida e completamente encantada pela Casa.



A Sala Suggia. Com uma acústica de excelência, uma decoração baseada essencialmente em talha dourada e uma capacidade de 1238 lugares, esta sala é o coração da Casa. O seu nome vem de uma violoncelista cujo talento era imenso e mereceu distinção - Guilhermina Suggia. Desta sala foi desenhado o resto da Casa da Música. Não há luz natural directa para esta sala, toda a luz natural vem de terceiras salas que se ligam à Suggia e, ainda assim, esta consegue ser considerada a melhor sala do mundo para a leitura das partituras.


A Sala Cibermúsica. Destaca-se pelo seu revestimento ora de poliuretano, ora de betão que foi propositadamente pensado para dar o efeito de dupla acústica na sala. É, por isso, uma sala privilegiada no que toca à acústica e é usada não só para concertos como também para reuniões e outros eventos. Tem ligação directa para o exterior e para a Sala Suggia, o que nos permite assistir a concertos e eventuais ensaios a decorrer.


A Sala Renascença que era para ser um bar. Devido às dimensões mínimas de passagem, não foi permitido nascer aqui o bar da Casa da Música, como Rem Koolhas previu. A Sala que era para ser um bar é uma sala linda, revestida a azulejos que remetem aos padrões que revestiam as fachadas da cidade do Porto no século XIX. Adoro azulejos. Adoro, igualmente, a Sala Renascença e as suas perspectivas geométricas que sugerem movimento.


A Sala Laranja. É considerada uma sala multifuncional mas foi-nos dito que é usada essencialmente para as crianças. Percebam porquê: é que tem um instrumento instalado na própria sala. Não há um instrumento físico que possamos tocar mas a nossa presença, por si só, já toca o instrumento desta sala. Chama-se Sound Space e reage à nossa presença e aos nossos movimentos que fazemos numa determinada área. Escusado será dizer que nós, homens e mulheres feitas, estudantes do ensino superior, nos divertimos tanto ou mais quanto as crianças que por lá costumam brincar a fazer música.


A Sala Roxa. Se a Sala Laranja é a das crianças, esta é a dos bebés. Aqueles que precisam da presença dos pais ou, pelo menos de os ver. Este é o intuito da sala: permitir que os pais estejam descansados num concerto enquanto os seus bebés estão na Sala Roxa, acompanhados por um responsável, com a possibilidade de os ver através da janela que liga a Sala Roxa à Sala Suggia. Por ser uma sala dos bebés, é roxa. O roxo transmite calma e paciência o que, à falta dos pais, é o que se quer transmitir a uma criança.


Por visitar ficaram ainda umas quantas Salas. A Sala 2, que vimos só pela janela. A Sala VIP por quem eu, certamente, morreria de amores caso lá entrasse (é revestida a azulejos lindos!). E o Foyer Nascente, que é a grande fonte de luz natural (não directa) da Sala Suggia. Enquanto não volto ao Porto, preciso de saber como posso visitar a Sala VIP.


No meio de azares, tivemos a sorte de poder visitar o terraço. Após visitar as restantes salas temáticas, no caminho de retorno encontrámos umas quantas portas fechadas e agradeço desde já a quem as fechou porque nos deu uma passagem directa para o terraço. Depois da Suggia e da Sala VIP, este era o espaço que mais queria ver. Via muitas fotografias deste cantinho que, confesso, me parecia um bocadinho maior do que realmente é. Ainda assim, de tão pequenino que é, é extremamente acolhedor. E já disse que adoro (estes) azulejos?



O grupo era enorme. Tornou-se difícil tirar fotografias com tanta gente a querer espreitar lá para baixo. Tentei captar o que mais me entusiasmou; a vista directa para a Rotunda, o recorte que as arestas fazem ao "tocar" o céu e o contraste do padrão de azulejos com o céu (quase) liso. Gostava de ter tido tempo para aqui bebericar um chá e gostava de voltar aqui só com a minha câmera por uns cinco minutinhos.



Deixámos o Terraço e retomámos o caminho de volta, seguindo para a Fundação Serralves - que virá na próxima semana. A Livraria Lello sai amanhã, em jeito de comemorar os seus cento e dez anos. Fiquem desse lado.

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